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Apresentação
Apresentação

HISTORICIZANDO O ASSENTAMENTO ALTO BONITO

 

O Projeto de Assentamento Alto Bonito está situado no município de Cansanção, região nordeste do estado da Bahia, a uma distância de 47 km da sede.  Surgiu a partir dos organizadores do movimento pela Reforma Agrária da CPT (Comissão Pastoral da Terra - Senhor do Bonfim) junto com os sindicatos dos municípios vizinhos e paróquia de Cansanção. Formaram grupos de articulação, reunindo pessoas para ocupar as fazendas Riacho Direito e Volta da Serra. Duas fazendas improdutivas a qual fazia parte do projeto da CELULOSE da Bahia, voltada para o plantio, colheita e beneficiamento do sisal em grande escala.

A ocupação da fazenda aconteceu nos primeiros minutos do dia 01(primeiro) de maio de 1996, por grupos de famílias vindas de diversos municípios vizinhos, protagonizando o surgimento do Projeto de Assentamento Nova Esperança e Alto Bonito.

 

 

Por serem duas fazendas juntas às quais pertencia ao mesmo proprietário, às famílias se dividiram em dois grupos uma ficando na fazenda Riacho Direito, atual Agrovila de Alto Bonito, o outro foi para fazenda Volta da Serra às margens do Rio Itapicuru, atualmente Agrovila de Nova Esperança. Essa ocupação foi e continua sendo uma luta pela terra e reconhecimento social com a intenção de superar as visões distorcidas em relação às famílias assentadas.

 

 Não somos ladrões de terra, como éramos chamados, nós lutamos pela conquista da terra tirando das mãos do fazendeiro, essa terra que era improdutiva e que hoje vivemos nela produzindo o alimento que alimenta varias famílias, somos vencedores, antes não tínhamos terra o suficiente para plantar e colher, agora faz tudo isso graças a luta pela terra (Trabalho de campo do assentamento Alto Bonito, Ag1, 2009)

 

Esse depoimento evidencia os desafios enfrentados pelas famílias na busca por reconhecimento e direitos negados aos assentados de reforma agrária ao longo da história de luta pela terra no Brasil.

 

Já se passaram 17 (dezesete) anos de luta, fé e grandes conquistas, sendo o primeiro assentamento do município de Cansanção, nesta luta muitos obstáculos foram superados até chegar as condições de implantação. O assentamento Alto Bonito possui uma área de aproximadamente 15 750(quinze mil e setecentas e cinqüenta) tarefas de terra, fazendo divisa com quatro municípios sendo: Santa Luz, Nordestina, Araci, Quijingue.

A vegetação predominante é a caatinga, na sua maioria já degradada pelo antigo dono da terra, mesmo assim mantém-se fortemente a criação da caprinocultura, uma das principais fontes de renda dos assentados, e sua produção agrícola no geral, não se difere da agrícola familiar do Nordeste, baseiam-se no plantio de milho, feijão e mandioca, destinado à própria subsistência da família.

 

Atualmente o Projeto de Assentamento Alto Bonito é composto por 57 famílias, sendo 45 famílias assentadas vindas de diversos municípios da região e 12 famílias oriundas de filhas e filhos de posseiros, somando-se um total de aproximadamente 207 habitantes, todos produzindo e tirando da terra seu alimento. Os assentados não se preocupavam apenas com o alimento para pôr na mesa, como também a educação construindo o prédio escolar da comunidade que hoje atende 42 (quarenta e duas) crianças e adolescentes que estudam no ensino fundamental de 1º ao 5º ano das séries iniciais do ensino fundamental no próprio assentamento.

            Os estudantes do ensino fundamental e médio estudam em instituições diferentes, dividindo-se em: 26 (vinte e seis) adolescentes e jovens que se deslocam para escolas municipais para cursar do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, 11 (onze) jovens se deslocam para a EFASE em Monte Santo para cursarem o ensino fundamental e médio.

A história da EFASE com o assentamento tem um carinho especial, pois o idealizador da escola o senhor Nelson Mandela foi um dos articuladores e técnico agrônomo da área durante muito tempo, ou seja, desde a ocupação.

 

            O relacionamento do assentamento com a EFASE visa à necessidade da construção de uma visão integrada de espaço, “terra”, essencial para que haja discussões direcionadas a redistribuição de terra a quem realmente precisa dela para sobreviver, buscando na educação possibilidades de conquistas e implantação de políticas públicas para o desenvolvimento no campo.